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A doce arte de Nana Caribenha
Mesmo em noite quente há coisas piores que cerveja choca
Mergulhando no ar
Deep into the Air
Blog Spectro Editora
Bukowski - Vida Desalmada
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14


— Arre!!

— Que foi Ricardo?

— Esse pústula do teu filho, ora bolas, que mais podia ser?

— Ah, inferno! Lá vem você de novo com essa ladainha! Ele se foi. Pronto. Deixa o coitado viver a vida dele em paz. Já tá a mais de mês prum lado e pro outro da casa resmungando o dia inteiro.

— Mas ele só tem quinze anos!

— E daí? Com treze cê já tinha saído de casa também.

— Pera lá! Eu saí de casa porque precisava trabalhar, e fui à luta, vencer na vida e me sustentar. Diferente desse vagabundo que passa a noite inteira em claro, bebendo ou fazendo sei lá o quê.

— Calma. Dá uma chance pro garoto, também. Hoje em dia os tempos são outros.

— É, eu sei muito bem que os tempos são outros, e isso é que é o pior. A essa altura ou ele já virou viado ou tá por aí, preso numa cadeia entupido de cocaína. Se é que tá vivo, porque tem duas semanas que nem dá notícia.

— Calma. Ele jamais faria isso, olha só, acho até que ele tem uma namorada.

— Só se for o Bolívar, Guevara, ou outro desses cabeludos com quem ele costuma andar...

— Não, é sério. Outro dia mexendo no armário dele encontrei uma caixa no meio das roupas com dois envelopes dentro. Um tava cheio de poemas, e outras porcarias que ele mesmo deve ter escrito. A outra tava com umas cartas de uma tal de Clara... acho que eles namoram.

— Namoro, nada. Na melhor hipóteses é alguma puta que ele conheceu num muquifo e que tá atrás dele agora.

— Mas tu também é um bosta. Implica com tudo que o guri faz. Como que pode ser tão teimoso e ainda assim não perceber porque o filho saiu tão rebelde.

— Ah tá. Só falta dizer que puxou de mim...

— Só tu não vê...

— Nem sei se esse filho é meu. Sabe de uma coisa. Tô saindo e não sei que horas volto. Quanto ao garoto pode queimar as coisas dele, que uma vez que se foi não quero de volta.

   
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