Biografia - AvG

Anacreonte Fonjic escreve muito sobre bucetas, definitivamente. É uma indecência. Esse rapaz deve ter algum problema, ainda mais que continua falando de bucetas mesmo agora que vai ser pai. E tem mais, ele insiste em bucetas, invés de bocetas, como prescrevem os rabugentos gramáticos.

Ainda assim há algum valor em sua obra. Os contos são melhores, percebe-se logo. Sua produção de poemas é escassa e quando sai algo de valor é porque nos lembra o estilo de um Poe ou Bukowski, e não pelo mérito da obra em si. O romance que a ciberarte agora publica peca pela fragmentação descuidada e só ganha força mesmo a partir do capítulo 25 até o final, no capítulo 50. Ainda assim "Mergulhando no ar" é uma obra que tem seus méritos, pode ser lida como uma série de contos interligados ou como um romance sobre a fragmentação e perda de sentido, que busca no fim uma saída para o dilema que se inicia nos primeiros capítulos: a morte do protagonista. Se lermos a saída do protagonista (ao mesmo tempo criada por ele e forçada a ele pelo acaso) como um chance de sobrevivência na sociedade e a possibilidade de uma saída para a sociedade como um todo através de uma mudança radical, o romance pode não ser muito ruim.

Mas já nos contos, sua narrativa parece fluir de fato melhor. Vide a densidade psíquica e suspense do conto "A doce arte de Nana Caribenha" (lê-se Nãna, Nãnã ou Naná?) que parece desfechar num humor surreal. Talvez muito Monty Pithon, Karl Marx e Bukowski misturados.

Espero que o autor persista nas artes literárias, buscando construir seu próprio estilo e melhoria de sua técnica. E tomara que o autor consiga se profissionalizar a ponto de se sustentar do ofício de escritor, pois de escritores de fim de semana o mundo já está cheio.

Fabio Soares
Mestrando em teoria literária e crítico literário mal-humorado

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