Saiba mais sobre Juliano Borges
Sapatos Bicolores
Na Laranja Mecânica
A Potência Humana
 

Juliano Borges

Meu nome é Juliano Borges e não me acredite se eu disser que sou sobrinho-neto de Jorge Luís. Sou carioca do Catete e comecei com esse negócio de escrever em 95, quando uns amigos da Escola de Comunicação da UFRJ decidiram escrever um zine literário e não me chamaram. Eles montaram um grupinho seleto, feito o 'Para Gostar de Ler', se lembram?, só que numa versão um pouco mais udigrudi, com direito a vagina exposta na capa xerocada da revista.

Bem verdade que eu nunca havia escrito nada antes... Mas eu tinha um monte de idéias, tinha o tempo de sobra que tem um estudante de comunicação e estava com uma inveja que me judiava. Foi assim que surgiu o conto 'Sapatos Bicolores'. A idéia era imitar o Bukowski - que eu nunca havia lido! - e talvez por isso tenha ficado mais com cara de Dalton Trevisan (que eu também não conhecia àquela altura). O zine não foi muito longe (como era de se esperar), mas cada membro do grupo continuou escrevendo alguma coisinha despretensiosamente, e sempre que a paciência permitia.

No ano seguinte a Prefeitura do Rio produziu a última edição do Concurso Literário Stanislaw Ponte Preta, que oferecia um prêmio de 2.500 reais pra quem vencesse em uma das categorias. Estava louco pra viajar nas férias e aquela era uma oportunidade fascinante de fazer dinheiro rápido. Mandei umas coisinhas que eu tinha e isso foi na mesma época que eu me aventurei a escrever uma história mais extensa. Mandei o 'À Procura' para a categoria novela e tirei uma menção honrosa.

O desonroso objetivo financeiro não me impediu de ficar bem feliz, já que as autoridades municipais publicaram um livrinho que incluía também meu trabalho. Daí em diante eu me empolguei e fui mandando aqui e ali meus contos pra concursos de todo Brasil - sempre com a vontade de tirar um qualquer que aliviasse a dureza estudantil. De maneira que ao menos minhas motivações literárias foram sempre dostoevskianas: inveja e dinheiro.

Mas nunca ganhei um centavo com literatura. Acho que quanto a isso não há nenhuma novidade na carreira. Pegando um segundo lugar aqui, uma menção honrosa acolá, fui, no entanto, perdendo o tempo valioso de que dispunha para me dedicar a essa atividade que a mim é tão prazerosa.

Guardo comigo um caderno de idéias aonde as vou acrescentando à medida que me ocorrem, sem quase nunca transformá-las em textos. A última incursão foi já há mais de dois anos, 'A Potência Humana', um conto que de uma forma indireta fala do meu relacionamento com o meu pai. É uma homenagem, mas virou também uma espécie de acerto de contas com nossos passados. Esse é o trabalho de que mais gosto. Espero que vocês também.

2004-01-19 11:06:30