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A música que vem de lá...
por
Ricardo Vilela Tagliari
Discussões ideológicas à parte, quando se
fala em globalização não podemos deixar de
admitir alguns pontos positivos que este tão discutido
e polêmico "acontecimento" trouxe a certas áreas
do campo artístico. Sob esse aspecto, a música é
talvez uma das mais afetadas e, por que não dizer, beneficiadas.
Mais
especificamente, a chamada world music ou música étnica
é, sem dúvida, uma das que mais recebeu e refletiu
esta influência. Quem poderia imaginar a alguns anos atrás,
numa época "pré-globalização",
que ao ligar o rádio poderia ouvir a música criada
no Paquistão ou na Turquia?
Exemplo curioso é o que ocorreu em 1999 com o que se passou
a chamar popularmente de "música árabe".
Cantores e instrumentistas de diferentes países, com influências
nitidamente orientais/árabes em sua música, adquiriram
uma legião de novos adeptos a partir de certo programa
de televisão, fato que de algum modo chamou a atenção
da mídia para este "novo" filão do mercado
fonográfico. A partir daí, pipocaram coletâneas
de "música árabe", e músicos e
cantores como Hevia (Espanha), Khaled (Argélia) e Tarkan
(Turquia) emplacaram hits em programas de televisão e estações
de rádio (com a ajuda de uma certa "Feiticeira"
...).
Entretanto, independente da mídia e das vertentes pops
da world music, a verdade é que um número maior
de pessoas está abrindo os olhos (ou melhor, os ouvidos)
para o fato de que música de excelente qualidade é
feita nas mais impensadas regiões do mundo, e dentro dos
mais variados gêneros musicais. Embora limitada a uma ou
duas rádios em Florianópolis, esta música
esta aí, disponível a uma parcela da população
muito maior do que tempos atrás, e disputando seu lugar
no mercado. Se antes o acesso a este tipo de música se
limitava a poucos títulos e dependia quase que exclusivamente
de material trazido da Europa ou USA, hoje é possível
encontrar com maior facilidade uma certa variedade em edições
nacionais ou importadas, se você estiver disposto a "garimpar"
as lojas da cidade.
Musicalmente falando, a influência de países orientais
ou considerados exóticos (sob uma ótica ocidental)
é percebida em vários músicos de diferentes
nacionalidades e estilos. A diversidade de ritmos e instrumentos
tradicionais, aliada a gêneros musicais tipicamente ocidentais
como o rock e o jazz, ou até mesmo a dance music e a eletrônica,
resulta numa fusão no mínimo interessante, que poderíamos
traduzir como um imenso "caldeirão sonoro", capaz
de incitar a imaginação de qualquer ouvinte.
Embora exista hoje no mercado um número bastante razoável
de títulos de música étnica tradicional,
puristas podem pensar nesta fusão com outros gêneros
como uma possível perda de identidade ou pasteurização
deste tipo de música. Prefiro acreditar que, ao contrário,
este é um modo de divulgar, preservar e despertar o interesse
de novos ouvintes para uma música extremamente rica, sem
fronteiras, e de excelente qualidade. Ganha a mídia, ganha
a música e, sobretudo, o ouvinte.
Afinal, há um mundo gigantesco de sons e ritmos a ser descoberto
por ouvidos antenados.
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NUSRAT
FATEH ALI KHAN
Com vários títulos no mercado, a obra deste
paquistanês abrange desde a música tradicional
sufi até a mistura com música eletrônica.
Com vocais poderosos que beiram o transe, é indispensável
em qualquer "discoteca etno".
Recomendado: CD "Night Song", de 1995 - Real World |
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ZAP
MAMA
R itmos e vocais femininos africanos mesclados a outros estilos
caracterizam esse grupo formado por músicos do Zaire
e da Bélgica.
Recomendado: CD "Seven", de 1997 - Warner Bros. |
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MARLUI MIRANDA
Para quem pensa que world music só é feita lá
fora, um interessante trabalho de resgate e adaptação
do repertório musical de tribos indígenas brasileiras.
Recomendado: CD "Ihu - Todos os Sons", de 1995 -
Pau Brasil Som Imagem e Editora Ltda. |
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OMAR
FARUK TEKBILEK
Multi-instrumentista turco, explora os ritmos "exóticos"
do Oriente Médio, passando pela musicalidade do sufismo.
Recomendado: CD "One Truth", de 2000 - World Class
Records. |
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NATACHA
ATLAS
Ccom três discos já lançados no Brasil,
explora temas místicos e ritmos egípcios mesclados
à dance music e à música eletrônica.
Recomendado: CD "Diaspora", de 1995 - Beggars Banquet
Records. |
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